30/11/2011

Atenção investidores da Vale: Governo anuncia péssima notícia

Os investidores da Vale (VALE3 e VALE5) receberam uma péssima notícia anunciada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ontem à noite: a União venceu um processo contra a mineradora na cobrança de imposto de renda e contribuição social sobre lucros auferidos no exterior. O valor do débito pode chegar a impressionantes R$ 25 bilhões, 85% dos lucros obtidos pela Vale em 2011 até terceiro trimestre. A Vale ainda pode recorrer da decisão, mas a notícia pode abalar a confiança dos investidores de que a empresa conseguirá escapar do pagamento desses valores no futuro.

Fonte: Advfn

29/11/2011

A nova era das fusões e aquisições

SÉRGIO VARELLA BRUNA, SÓCIO DE LOBO, DE RIZZO ADVOGADOS - O Estado de S.Paulo

Passou o tempo em que havia espaço para a criação de empresas como Ambev e BRF Brasil Foods. Com a nova lei do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o País se alinha aos sistemas da Europa e Estados Unidos, onde empresários sequer ousariam propor negócios que levem a concentrações como as das empresas acima.

Mas a nova lei não é importante apenas por isso. A mais radical transformação virá com a inversão dos incentivos motivacionais das empresas, ao encararem a necessidade de levar seus negócios ao Cade.

No regime legal anterior, as empresas consumavam os negócios e somente então levavam a operação ao conhecimento do Cade. Nessa ocasião, porém, com frequência, as partes já haviam concretizado ações irreversíveis, de modo que restava pouco espaço para futuras intervenções do órgão de concorrência.

O incentivo estratégico das empresas era informar o mínimo possível. Apresentavam seus mercados de forma irrealmente ampla, para reduzir suas participações e, com isso, a concentração resultante do negócio. Quanto mais demorasse o caso, melhor, porque mais difícil se tornaria a reversão. Enquanto isso, donas que já eram do negócio adquirido, consolidavam-no o mais possível, para criar um fato consumado.

As decisões do Cade demonstram que, apesar de se ter avançado ao longo do tempo, o órgão teve de se contentar com o que era possível, tal qual o pai que resmunga, quando o genro lhe pede a mão da filha, já em gestação, meses após consumado o casamento.

As coisas mudaram, porém. A começar porque nenhum negócio sujeito a controle poderá ser consumado sem autorização prévia do Cade. E a rebeldia das empresas que resistirem a levar seus negócios ao conhecimento do Cade - e a aguardar aprovação - trará riscos de grande monta para as partes envolvidas. A nova lei declara nulos os atos que forem consumados sem prévia aprovação do Cade. Em outras palavras: quem comprou, não será dono; quem vendeu, terá de devolver o que recebeu; e os prejuízos causados a terceiros terão de ser indenizados. E isso sem falar das multas.

Embora antes a demora interessasse, agora a urgência há de imperar. A avareza no fornecimento de dados se transformará em prodigalidade. Quanto mais detalhado o requerimento inicial, menor o risco de a autoridade solicitar informações adicionais e de haver atraso na consumação do negócio.

Ao se darem conta desses impactos, empresários se apavorarão ao saber das limitações de recursos materiais e humanos com as quais o CADE tem convivido. Hoje, o Cade conta com menos de 80 servidores, contra os mais de 1100 da Federal Trade Commission, seu par norte americano.

Será o Cade capaz de resolver casos complexos, no prazo de 240 dias imposto pela lei? Afinal, esses processos hoje duram mais de dois anos! Para quem teme o novo regime, melhor seria que não, vez que o transcurso do prazo sem decisão levará à aprovação tácita do negócio.

Mas não se enganem, já que a resposta à pergunta é simples: sim, indubitavelmente, o Cade dará conta de sua tarefa. E a razão para isso é mais simples ainda: bastará negar aprovação ao negócio, imputando às empresas o ônus de terem sido incapazes de demonstrar a improcedência das objeções levantadas pelo órgão.

Por isso, veremos uma nova situação, com empresários ávidos por levar negócios ao Cade, sempre que o risco de nulidade ameaçar os benefícios por eles visados. Mais ainda, é provável que vejamos empresários pressionando o Governo para alocar mais recursos ao Cade, para que ele melhor possa desempenhar suas funções.

Sei que a descrição acima sobre os efeitos da nova lei do Cade pode parecer ingênua a muitos. Devo confessar que posso ter exagerado nas cores, mas estou certo de que o novo controle de fusões e aquisições significará, sem sombra de dúvida, uma radical transformação no ambiente de negócios brasileiro.

Há questões importantes ainda sem resposta, no que toca à interpretação da nova lei. Sua implementação submeterá o Cade a intensa crítica. É natural, porque o controle de concentrações econômicas, quando realizado antes que as operações se consumem, repousa em análises de efeitos futuros, sempre preditivas, estimadas. É um universo onde impera a incerteza, no qual as decisões jamais podem ser deduzidas matematicamente, por mais que se procure na matemática e na estatística uma base analítica aceitável para justificar esses juízos prospectivos.

Sem prejuízo de todos esses desafios, do ponto de vista do que interessa - que é a defesa da concorrência - veremos autoridades melhor aparelhadas, oxalá capazes de cumprir suas funções com mais eficiência.

 

 

 

 

Itália paga juro elevado para vender bônus de 12 anos

 

Por Associated Press

MILÃO - A Itália vendeu 567 milhões de euros (US$ 750 milhões) em títulos soberanos, mas pagou uma taxa elevada com a contínua pressão dos mercados para que a terceira maior economia da zona do euro implemente reformas urgentemente.

O rendimento dos bônus de 12 anos atingiu 7,20%, 2,7 pontos percentuais acima do último leilão com títulos de mesmo prazo.

Embora a demanda pelos papéis teria permitido a colocação integral da oferta de 750 milhões de euros, as altas taxas pedidas pelo mercado levaram o Tesouro italiano a emitir menos do que planejava.

Os resultados do leilão devem aumentar a pressão sobre o primeiro-ministro do país, Mario Monti, que deve anunciar medidas adicionais de austeridade ainda nesta semana.

Um grande teste para o premiê será o leilão de títulos soberanos que a Itália planeja fazer amanhã, de até 8 bilhões de euros em títulos com três vencimentos, incluindo o de referência de dez anos.

Hoje, mais cedo, o Fundo Monetário Internacional negou notícias de que estaria preparando um pacote de ajuda de 600 bilhões de euros para a Itália.

(Associated Press)

 

 

 

 

Sem solução para o álcool

 

Celso Ming

A safra da cana-de-açúcar no Centro-Sul praticamente acabou e os resultados são todos negativos.

A massa verde moída até 31 de outubro na região (mais de 85% do setor sucroalcooleiro do País) foi 8,3% menor do que no mesmo período de 2010, como mostra a tabela. O volume de açúcar processado até agora caiu 4,3%. E o recuo da produção de álcool foi ainda mais acentuado: 16,5%.

 

Nesta segunda-feira, novos levantamentos, potencialmente mais negativos, serão divulgados. A última projeção para o desempenho final desta safra – da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) e do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) – agravou as perdas: de 12,3% no processamento de cana-de-açúcar; de 8,1% na geração de açúcar; e de 19,7% na de álcool.

Empresas do ramo já importaram 567,8 milhões de litros e outro tanto virá até maio de 2012 (fim da entressafra) para atender a um consumo que avança num ritmo superior a 5% ao ano.

Nada menos que dez repartições do governo, de algum modo, cuidam ou deveriam cuidar de tudo relacionado a álcool e açúcar. E, no entanto, nessas horas em que os problemas se acumulam, as autoridades estão sempre prontas a reclamar das adversidades climáticas. É truque velho de guerra cuja finalidade é se eximir de responsabilidades. O problema de fundo é a insuficiência de investimentos em todas as áreas: cultivo de cana, moagem, fábricas de açúcar e destilarias de álcool.

Com maior ou menor razão, produtores reclamam do avanço dos custos. As estimativas variam de acordo com o nível de eficiência de cada empresa, mas o número que circula é de que nos últimos cinco anos, o encarecimento da terra, do equipamento e da mão de obra puxaram os custos em cerca de 40%, enquanto os preços dos produtos finais ficaram para trás. A alta do açúcar em três anos foi superior a 100%, mas não compensou essas perdas. Enquanto isso, os do álcool permanecem achatados por terem de concorrer com os da gasolina.

Luiz Carlos Corrêa Carvalho, diretor da Canaplan Consultoria, adverte que anos de abandono impedem a reversão em curto prazo deste quadro. “É apenas o início de uma fase ruim. Mesmo se todas as providências adequadas fossem tomadas imediatamente, só a partir de 2015 veríamos avanços significativos”.

Até 2020, mais de 80% da frota brasileira de veículos automotivos será dotada de motores flex e, no entanto, a perspectiva é de produção insuficiente de álcool, tanto hidratado (que vai direto no tanque) como anidro (misturado com a gasolina, hoje, à proporção de 20%). Isso significa que o País fica cada vez mais dependente da importação de álcool e de gasolina.

Embora tenha determinado que as questões do álcool passassem a ser tratadas no âmbito da Agência Nacional do Petróleo, o governo não tem uma política para ele. Até a terceira semana de novembro, os preços do álcool nos postos superam em 17,4% o valor médio de novembro de 2010. De novo, o problema começa no canavial, passa pelo bolso do motorista e segue sem solução. /COLABOROU GUSTAVO SANTOS FERREIRA

CONFIRA

 

Tanto a dívida bruta como a dívida líquida do governo federal em relação ao PIB se mantêm relativamente estáveis. A diferença entre uma e outra são os créditos, especialmente as reservas internacionais administradas pelo Banco Central.

Copom. Ganhou certa força no mercado financeiro o prognóstico de que na próxima quarta-feira o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortará os juros básicos (Selic) em mais de meio ponto porcentual ao ano. Essa aposta é improvável. Os juros deverão cair para 11,00%.

 

 

 

Safra compra banco suíço por US$ 1 bilhão

Banco brasileiro passa a controlar o Sarasin, líder em private banking na Suíça

Leandro Modé, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O banco Safra, oitavo maior do Brasil, com ativos de R$ 84 bilhões em 30 de junho de 2011, comprou o private bank suíço Sarasin por cerca de US$ 1 bilhão. A informação foi antecipada na tarde de ontem pelo blog da colunista do ‘Estado’ Sonia Racy. O pagamento será feito em dinheiro.

Segundo comunicado conjunto enviado ao mercado pelas duas instituições, o Sarasin é líder no segmento de private banking da Suíça, com ativos administrados de pouco mais de US$ 100 bilhões. Ainda de acordo com o texto, o Safra tinha quase US$ 109 bilhões sob sua administração em junho de 2011.

A operação, que ainda terá de ser aprovada pelos órgãos reguladores, dá ao banco brasileiro uma participação de 46% no capital total do Sarasin e de quase 69% no capital votante.

O banco brasileiro comprou a participação que o holandês Rabobank detinha no Sarasin. O texto enviado ao mercado informa que a venda "permitirá ao banco holandês concentrar-se em suas prioridades estratégicas e fortalecer seu papel de liderança como fornecedor de serviços financeiros globais na Holanda, assim como avançar mais rapidamente em direção ao crescimento nos negócios internacionais de alimentos e seus clientes do agronegócio".

O Safra destacou a complementaridade das operações com o Sarasin. Segundo o comunicado, o private bank suíço tem presença em "mercados-chave europeus, no Oriente Médio e na Ásia", enquanto o Safra tem posição consolidada especialmente nas Américas.

O Sarasin tem capital aberto na Suíça. Ontem, as ações do subiram 3,47% na bolsa de valores suíça (Six) e fecharam cotadas a 34,3 francos suíços (o equivalente a quase US$ 35).

O comunicado informa que, "de acordo com as leis suíças, o fechamento da transação obrigará o banco a realizar oferta pública aos acionistas minoritários".

A página do Sarasin na internet informa que a instituição foi criada em 1841, o que foi destacado pelo presidente do Safra, José Safra, no comunicado. Ele lembrou que a história de ambos remonta ao século 19.

O comunicado salientou que, para o Sarasin, "o Safra será um acionista majoritário fortemente capitalizado e capaz de reforçar sua posição como um banco privado suíço independente e efetivamente apoiar e fortalecer a estratégia e o modelo de negócios do Sararin".

O Safra garantiu que a estratégia do private bank suíço e seu modelo de negócios terão "continuidade firme".

Pessoas que acompanharam a negociação destacaram o fato de o Sarasin ter como regra apenas receber aplicações de investidores com cópia da declaração do Imposto de Renda.

Segundo o Banco Central (BC), em 30 de junho, o Safra possuía ativos de R$ 83,9 bilhões, o que o deixava, no ranking brasileiro dos bancos privados, atrás apenas de Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Votorantim. Os depósitos do Safra somavam R$ 15,3 bilhões.

No mercado brasileiro, o Safra é conhecido por ser um banco bastante conservador, reputação que também acompanha o Sarasin na Suíça.

 

 

 

 

Tsunami de dinheiro

Novos milionários fazem recursos para os private banks crescer 16% em nove meses. Saiba como os bancos pretendem surfar nessa onda.

Por Fernando TEIXEIRA

O tsunami de dinheiro para o Brasil não para de crescer. Além dos investidores internacionais que querem aproveitar os juros ainda elevados, um número crescente de gestoras de private equity tem comprado empresas brasileiras, de olho nas boas perspectivas do consumo interno. Essa inundação financeira tem elevado os resultados dos private banks, os departamentos dos bancos que atendem clientes com pelo menos R$ 1 milhão em moeda sonante para investir. Os recursos desses milionários, administrados por esses bancos saltaram de R$ 370 bilhões, em dezembro de 2010, para R$ 430 bilhões, até setembro, um aumento de mais de 16% em apenas nove meses, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O Brasil reúne 45% da riqueza administrada pelos private banks na América Latina, incluindo o México. “Pela primeira vez, desde 1970, pequenos e médios empreendedores ganham fortunas”, afirma o gerente-geral de private do Banco do Brasil, Osvaldo Cervi. “Não temos mais voos de galinha no mercado private bank.” 


São Paulo: novos milionários vêm de outras regiões do País

Parte desse seleto clube de endinheirados já é bem conhecida dos bancos. Segundo João Albino Winkelmann, diretor de private bank do Bradesco, o Brasil possui 30 bilionários e cerca de 130 mil milionários, considerando apenas o dinheiro disponível para investir. No entanto, quem conhece o setor avalia que o mercado deve ir muito além dos dados da Anbima. “Pode haver mais uns R$ 250 bilhões dando sopa por aí”, aponta Cervi. Boa parte desses recursos vai ficar longe do universo private. “Há investidores que possuem milhões de reais e só aplicam na poupança, ou que têm muito dinheiro em ações, mas concentram seus negócios apenas em uma corretora”, diz Cervi. Outra mudança é que os novos milionários vêm de fora dos grandes centros. “Há muitos clientes surgindo nas regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste, diz Celso Scaramuzza, diretor-executivo do Itaú private banking.  "Proporcionalmente, essas regiões geram mais milionários que os Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro”, destaca. 

 

 

 

É esse público de recém-chegados ao clube dos milhões que os bancos estão se preparando para conquistar. Para isso, as instituições financeiras estão investindo na ampliação física de suas redes e em treinamento de pessoal. O Itaú Unibanco, por exemplo, abriu novos escritórios no Rio Grande do Sul e Belo Horizonte. “Além do espaço físico, aumentamos nossa equipe e treinamos nossos gerentes para entender mais os milionários”, diz Scaramuzza. Engana-se quem pensa que esses bancos oferecem apenas salas luxuosamente decoradas e café gourmet. Eles sabem que os clientes estão atrás de investimentos sofisticados e eficientes em termos fiscais, serviços jurídicos e, mais recentemente, aproveitando a baixa dos juros, algumas linhas de crédito, seja para suas empresas, seja para investir. Para atendê-los, os bancos estão se adaptando às mudanças no mercado. É o caso do Santander, que oferece financiamento para compra de carteiras de ações, helicópteros, frotas de carro e imóveis de alto padrão.

 

O Bradesco, por sua vez, tenta oferecer um atendimento personalizado. Frequentemente, o gerente da conta se desloca até a casa da família do cliente para discutir temas delicados, como o rumo da fortuna e sucessão familiar. O atendimento acontece, até mesmo, em fins de semana e feriados. Existe também quem prefira a discrição. “Chegamos a ponto de não cumprimentar o cliente em lugares públicos, ou, se vamos ao escritório, nos apresentamos com um funcionário qualquer do banco”, diz Scaramuzza, do Itaú private banking. “A secretária não precisa saber que gerimos a fortuna do chefe.” Já o HSBC utiliza sua rede internacional de agências para buscar linhas de crédito mais baratas às empresas dos clientes, principalmente para os empresários de médio e grande porte. “É mais barato buscar o dinheiro lá fora”, enfatiza Andrea Moufarrege, diretora de gestão de riqueza do HSBC Private Bank.

 

 

 

Muitos desses novos clientes, porém, estão mais preocupados em preservar o patrimônio acumulado do que multiplicá-lo no mercado financeiro. Prova disso é que, pelos dados da Anbima, cerca de R$ 1,1 bilhão estão aplicados em cadernetas de poupança, um dos investimentos menos sofisticados do mercado. “O cliente não quer sustos, quer evitar as perdas de capital”, diz Winkelmann. “Os milionários estão fugindo da bolsa.” Ainda segundo a  Anbima, em setembro, cerca de R$ 290 bilhões, ou 67% do total, estavam alocados em aplicações de renda fixa como fundos, Certificados de Depósito Bancário ou, mais recentemente, ativos ligados ao mercado imobiliário, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários, aplicações de longo prazo e isentas de imposto. Apenas R$ 76 bilhões, ou 18%, estavam nas ações. No entanto, essa abordagem conservadora deve começar a mudar em breve, em razão da continuidade do movimento de queda nas taxas de juros, diz Maria Eugênia Lopez, diretora de private bank do Santander. “No ano que vem os bancos terão de oferecer fundos mais rentáveis e, por consequência, mais arriscados.”

 

 

 

 

 

 

 

FMI nega conversas sobre programa de empréstimo para Itália

Por Bloomberg News

TÓQUIO - O Fundo Monetário Internacional (FMI) não está discutindo um pacote de resgate com a Itália e o Japão indicou que não houve tais conversas dentro do G-7, em meio a preocupações de que a Itália vai lutar para reduzir os custos dos empréstimos.

Um porta-voz do FMI disse que o organismo não está discutindo com as autoridades italianas um programa de financiamento. O jornal italiano La Stampa reportou que o Fundo estaria preparando um empréstimo da ordem de 600 bilhões de eruos para apoiar os esforços italianos visando restaurar a confiança do investidor.

"O FMI simplesmente não tem os recursos para tal ajuda", comentou o estrategista-chefe do Brown Brothers Harriman & Co. em Nova York, Marc Chandler. Ele também notou que não está claro se o Fundo seria capaz de ter um acordo com relação a alavancar sua capacidade para tal patamar.

O Fundo, que participa do socorro à Grécia, Irlanda e Portugal, tem cerca de US$ 390 bilhões disponíveis para empréstimos, conforme dados de meados deste mês. Segundo o La Stampa, o FMI teria várias opções para ampliar seu poder, incluindo uma coordenação com o Banco Central Europeu (BCE).

A Itália viu o juro de seus bônus de 10 anos passar de 7% neste mês, diante do ceticismo do investidor sobre se o país seria capaz de sustentar um encargo da dívida maior. Uma ajuda de 600 bilhões de euros permitiria à administração do primeiro-ministro Mario Monti ficar fora dos mercados de capitais por 12 meses a 18 meses enquanto implementa um aperto fiscal e busca reconquistar a confiança dos detentores de bônus.

 

 

 

 

Governo cria pacote para ter PIB de 5%

Concessões de rodovias, leilões de aeroportos, investimentos da Petrobrás, programa Minha Casa e plano de banda larga vão estimular expansão

Lu Aiko Otta, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O governo montou um pacote de investimentos para colocar na rua em 2012, dentro de sua estratégia para alcançar uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5%, apesar da crise internacional. Novas concessões de rodovias, os leilões dos aeroportos, investimentos da Petrobrás, a segunda etapa do programa Minha Casa Minha Vida e o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) fazem parte do cardápio.

Enquanto em 2011 o crescimento econômico foi puxado pelo consumo, no próximo ano o motor deverá ser o investimento. Esse é o plano de voo que está sobre a mesa da presidente Dilma Rousseff.

A ordem é que o governo dê um sinal positivo ao setor privado. Assustadas com a crise econômica e com o baixo nível de atividade no País neste fim de ano, as empresas estão suspendendo e adiando planos de expansão.

Assim, estão no forno mais duas medidas de desoneração tributária. Uma vai cortar tributos de investimentos em equipamentos de infraestrutura de telecomunicações, como a instalação de cabos e fibras ópticas.

A estimativa divulgada pelo Ministério das Comunicações é que a desoneração prevista aumentará os investimentos em R$ 20 bilhões no período que começa no ano que vem e vai até 2016. Nesse período, o governo abrirá mão de arrecadar R$ 4 bilhões.

O outro corte tributário em preparação beneficiará a cadeia do etanol. Nesse caso, a medida tem também um impacto sobre as perspectivas de inflação, uma vez que o álcool foi um dos vilões dos preços este ano .

Concessões. O governo aposta suas fichas também nas novas concessões que deverão ocorrer no ano que vem. A expectativa é que os aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, Viracopos, em Campinas, e Juscelino Kubitschek, em Brasília, sejam leiloados no primeiro trimestre do ano que vem - embora a data oficial ainda esteja mantida em 22 de dezembro próximo. Nesse caso, os investimentos deverão começar no segundo semestre do ano.

O mesmo é esperado em relação às novas rodovias que deverão ser concedidas à iniciativa privada no início de 2012. São elas: o trecho da BR 101 no Espírito Santo e os trechos mineiros das BRs 116 e 040.

Juntas, elas exigirão investimentos de R$ 8,06 bilhões. Também nesse caso, as empresas vencedoras da licitação começarão a executar melhorias na segunda metade do ano que vem.

Investimentos. A Petrobrás, com seu plano de investimentos de R$ 365 bilhões entre 2011 e 2015, também dará uma contribuição para manter a economia girando.

É esperado, além disso, que a segunda etapa do Minha Casa, Minha Vida deslanche em 2012. A avaliação no governo é que a execução foi baixa este ano porque o programa passou por ajustes nos projetos.

É com a ajuda dos investimentos privados que o governo espera alcançar a taxa de crescimento de 5% em 2012.

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, tem afirmado que as medidas já adotadas pelo governo, como o reajuste do salário mínimo, a elevação dos limites do Supersimples e os efeitos defasados dos cortes na taxa de juros promovidos pelo Banco Central já garantem uma taxa de pelo menos 4% de expansão no ano que vem.

Inflação. A manutenção dos investimentos é necessária para expandir a capacidade produtiva do País e assim manter a inflação sob controle.

O governo da presidente Dilma espera uma taxa abaixo de 5% no ano que vem. Isso porque a tendência é que os preços das commodities não tenham no próximo ano a mesma alta de2011, uma vez que a economia internacional está em retração e, portanto, a demanda tende a cair.

Além disso, os preços administrados, como tarifas de ônibus e energia elétrica, terão reajustes menores. Da mesma forma, o etanol não deverá exercer a mesma pressão altista de preços que a ocorrida este ano.

 

 

 

Existe saída para a Europa?

JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS - O Estado de S.Paulo

A situação da Europa piora a cada dia. Grandes pressões sobre a Grécia e a Itália acabaram por resultar em novos governos, de caráter tecnocrata e com jeito de salvação nacional. A demora das autoridades da região em dar um encaminhamento mais efetivo e suas diferentes percepções estimularam a elevação da intensidade dos ataques, e o perigo agora está na França, país ameaçado pelas agências de classificação de risco com a perda do AAA o que, caso ocorresse, significaria realmente fim de jogo para a Europa. Até a Alemanha sofreu um primeiro aviso, com o fracasso do recente leilão de títulos do Tesouro, onde foi vendida pouco mais de 60% da oferta. Desse total, o Banco Central alemão comprou nada menos que 40%, ou seja, o mercado ficou com apenas 20%. Na verdade, para muitos analistas a situação já teria passado do ponto de não retorno.

Disso não tenho certeza e não partilho da ideia que o jogo já tem um final dado, embora os riscos estejam cada vez mais elevados, até porque o tempo da política é muito mais lento que o dos mercados e a região só tem se movido quando próxima do abismo (coisa que suspeito seja característica da maior parte dos sistemas políticos). A maior razão para isto é que acho que a elite europeia (política, econômica, intelectual) e mesmo boa parte da população, ainda vê que as vantagens do projeto europeu são muito mais elevadas do que o custo da dissolução, ainda que parcial, da zona do euro.

Por exemplo, uma saída da Grécia da zona do euro provocaria uma implosão da própria Grécia (fuga de capital, hiperinflação, quebra de bancos, moratória) e da própria Europa, via efeito dominó, como já foi colocado neste jornal pelo Prof. Eichengreen. Por outro lado, uma eventual saída da Alemanha resultaria numa brutal valorização do novo marco e a perda de toda sua vantagem comparativa e de seu motor de crescimento, que são as exportações. É só ver o que está acontecendo com a Suíça, onde a violenta valorização do franco está tornando impossível a produção de qualquer coisa naquele país. Muitas empresas já pensam em deslocar a produção para outros locais; a Novartis anunciou a dispensa de mais de 3.000 funcionários.

Existem quatro possíveis caminhos para a Europa (utilizo aqui um artigo recente do Prof. Roubini):

1)A Alemanha financia a Grécia para sempre. Evidentemente isso é infactível.

2) Todo o ajuste é feito pelos países devedores. Além de injusto (os países superavitários, especialmente a Alemanha, são beneficiários dos déficits de Grécia e outros), tal solução é evidentemente infactível politicamente e levaria a uma moratória geral e colapso financeiro. Por exemplo, as próprias previsões do FMI sugerem que o programa de ajuste levaria a quatro anos de queda no PIB (2010-2013) numa magnitude próxima de 20%, o que só acontece em situações de guerra, onde a força bruta impõe o desastre. Tudo isso para terminar devendo algo como 120% do PIB. A Alemanha deveria se lembrar das reparações a ela impostas pelos vencedores da Primeira Guerra Mundial, tendo a França à frente, que resultaram na hiperinflação de 1923. Na ocasião, Keynes criticou o tamanho da contração necessária por impossível, no que ficou conhecido na literatura como o "problema da transferência" (para quem tiver interesse, sugiro a leitura do fascinante As consequências econômicas da paz). Os países deficitários tem de fazer um bravo ajuste; entretanto, apenas isso não vai resolver a questão; ao contrário.

3) Monetização da dívida soberana pelo BCE mais ajuste fiscal generalizado nos devedores. Não é uma compra ilimitada, mas ajuda a aliviar a situação. A Alemanha é contra, evidentemente, mas é o que evita a implosão. É certo que, se o euro tem algum futuro, o BCE tem de ser mais agressivo.

4) Emissão de eurobonds mais ajuste fiscal nos devedores. Seria o caminho de longo prazo, mas toma tempo chegar lá. Basta pensar no tamanho do desafio político de enfrentar a perda parcial de soberania e as dificuldades em realizar mudanças no Tratado e nas Constituições.

Minha impressão é que estamos no cenário 3 (mitigado) caminhando muito lentamente para o 4, o que é insuficiente para o quadro atual.

Entretanto, a teimosia alemã está elevando rapidamente a possibilidade de um colapso. Os alemães são contra tudo, de um papel mais ativo para o BCE até a possibilidade de emissão de eurobônus. Se a Alemanha não for mais construtiva, o pior pode acontecer. Neste caso a Sra. Merkel e o público alemão vão pagar uma conta muito mais elevada do que aquela que estão tentando evitar.

Investimentos. Depois do último artigo aqui publicado ("O investimento perde o vigor"), saíram os dados mais recentes do Investimento Direto Estrangeiro, tal como registrado no balanço de pagamentos. O IED deste ano é recorde e atingiu US$ 56 bilhões líquidos, de janeiro a outubro.

Esse número pode ter criado alguma dúvida nos nossos eventuais leitores, pois como colocou um deles, podemos ter um recorde e uma perda de vigor?

Vale antes de tudo observar que o IED é um dado financeiro e o outro é real (máquinas, equipamentos e construções). O primeiro antecede em geral o segundo, e dele pode ser diferente por muitas razões, a saber:

A)Compra de ativos já existentes: é esse o destino da maior parte das entradas de capital e isso não eleva em nada a capacidade produtiva, embora possa fazê-lo depois. Consideremos, por exemplo, o caso do IED chinês: em 2010, 67% do total investido foi de aquisições de ativos já existentes.

B)Entrada de todo o recurso do projeto e liberação de gastos ao longo da construção, com o aproveitamento do resultado da aplicação do saldo de caixa, tudo estimulado pelos elevados juros locais. Conheço o caso de um projeto cujo custo final ficou em apenas 84% do orçado, como resultado do ganho financeiro.

C)Entrada do IED e posterior reprogramação do projeto físico.

D)Finalmente é possível existir entradas do IED disfarçado, ou seja, a constituição de empresas cujo objetivo é de apenas arbitrar juros, sem pagar imposto.

Portanto, é preciso ser cauteloso ao usar os dados do IED ou da soma de anúncio de novos projetos. Embora eles sejam poderosos indicadores ao longo do tempo, em prazos menores podem não se materializar em investimentos na mesma proporção. Consideremos o exemplo da Petrobrás: o plano estratégico foi revisado para baixo e ainda assim a companhia anunciou que não irá conseguir realizar o que estava programado para este ano, por dificuldades no fornecimento dos equipamentos. A redução dos gastos da companhia reflete-se naturalmente em toda a cadeia de fornecedores, como atestam alguns casos recentes como o da Lupatech.

 

 

 

 

Petrobrás investirá mais na exploração de águas profundas

Por Soraia Duarte | Para o Valor, de São Paulo

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José Sergio Gabrielli: perspectivas de continuidade de exploração são muito grandes a partir da descoberta

A Petrobrás anunciou a descoberta, em setembro, de um poço no mar em Sergipe, com mais de dois mil metros de profundidade. Distante 58 quilômetros da costa e a 90 quilômetros da capital, Aracaju, essa nova área marca a estreia da estatal naquele Estado na exploração em águas ultraprofundas. "Está no pós-sal e abre uma enorme perspectiva para a exploração e desenvolvimento da produção em áreas aqui em Sergipe", apontou, na ocasião, José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobrás.

A descoberta, segundo a empresa, reflete os investimentos que têm sido feitos na área de exploração e produção de petróleo, em Sergipe. Neste ano, estão sendo direcionados R$ 198 milhões. E até 2015, serão R$ 6,5 bilhões. "As perspectivas de continuidade de exploração e de produção são muito grandes a partir desta descoberta (em águas ultraprofundas)", destacou Gabrielli.

Sergipe ocupa a sexta posição entre os Estados produtores de petróleo, além de se destacar na história dessa indústria no país. Afinal, Sergipe abriga o campo de Guaracema, o primeiro a ser descoberto na plataforma continental brasileira, em 1968. Também é em Sergipe que está localizado o Piranema, primeiro campo marítimo em águas profundas do Nordeste brasileiro. "Esses quase 50 anos de produção em terra, e 40 em mar, indicam claramente a vocação de Sergipe para a produção e petróleo e gás", destaca Eugênio Dezen, gerente geral da unidade de operações Sergipe-Alagoas da estatal.

De acordo com a Petrobrás, em 2010 a produção de petróleo e gás em barris equivalentes, em Sergipe, foi de 63.160 barris por dia. "A empresa participa com mais 45% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado", diz Dezen, que comenta que a petroleira é a maior contribuinte em pagamento de impostos, além de maior empregadora. Em royalties, destaca recolhe mais de R$ 180 milhões por ano para.

Os resultados da estatal em Sergipe refletem a operação de nove campos. Três terrestres (Carmópolis, Siriri e Riachuelo) e seis marítimos (Guaricema, Piracema, Caioba, Salgo, Camorim e Dourado). O poço recém-descoberto, que passou a ser denominado, informalmente, como Barra, é independente dos campos existentes.

Com os investimentos anunciados até 2015, a Petrobrás espera aumentar em 40% a produção dos campos terrestres. Os campos de Camorim e Dourado, de águas rasas, deverão receber aportes superiores a US$ 1 bilhão, assim que for liberada a licença ambiental, requerida há mais de seis anos. "Esses projetos incluem a revitalização dos campos, o que prolongará o tempo de produção", diz Dezen.

A petrolífera também investirá US$ 65 milhões na Fábrica de Fertilizantes de Sergipe (Fafen-SE). A obra, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), visa aparelhar a unidade para a produção de sulfato de amônio a partir de janeiro de 2013. A empresa tem cinco gasodutos no Estado, construídos entre 2007 e 2009. Com investimentos de R$ 625,7 milhões, os gasodutos visam escoar o gás para todo o Nordeste. Parte da malha é utilizada para transportar o excedente da Bahia. Outra parte, para escoar o gás da região Sudeste.

 

 

 

 

Vale deve desbancar Petrobras no Ibovespa

Por Daniele Camba

Apróxima carteira do Índice Bovespa, que vai vigorar entre janeiro e abril do ano que vem, promete mudanças importantes. Uma delas diz respeito às duas maiores vedetes do mercado. As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) série A da Vale devem, mais uma vez, desbancar as PN da Petrobras e, assim, passarem a ser o papel mais importante dentro do índice.

De acordo com os cálculos da analista da corretora do Santander Renata Cabral, a participação das preferenciais da Petrobras dentro do Ibovespa cairá de 10,6% para 8,3%. Já a participação das PNA da Vale também deve cair, de 9,83% para 9,3%, de qualquer forma, ficando com um ponto percentual a mais que as PN da petrolífera.

Ações da Dasa e da Localiza podem estrear no indicador

"Essa mudança é bastante importante, já que são os papéis mais relevantes da bolsa", diz Renata. Ela acredita, no entanto, que é cedo para dizer que a vitória da Vale sobre a Petrobras veio para ficar. "Como é apenas um ponto percentual entre dois papéis altamente líquidos, podem ocorrer novas movimentações, tanto a favor da Petrobras quanto da nova líder", diz a analista. É provável que as duas gigantes fiquem se acotovelando entre a primeira e a segunda posição nas carteiras teóricas do Ibovespa.

Além de deixar a primeira posição no índice, a Petrobras terá a maior perda de participação entre todos os papéis do Ibovespa. Como as ações ON da OGX também devem perder relevância dentro do Ibovespa (de 6,33% para 5,33%), o setor de petróleo como um todo novamente vai ceder a liderança para o setor bancário. O peso de petróleo e gás, pelas contas da analista do Santander, deve cair de 21,6% para 18%, enquanto o peso dos bancos subirá de 20,2% para 20,6%.

O setor bancário já tinha roubado a liderança de petróleo e gás, mas perdeu na última carteira do Ibovespa graças ao aumento de participação das ordinárias da OGX, que conseguiram puxar a sardinha novamente para o lado do setor petrolífero. "A provável queda de Petrobras e de OGX vai ajudar os bancos a tomarem de volta o primeiro lugar", lembra a analista do Santander.

Outro destaque na próxima carteira do Ibovespa é a estreia das ações ordinárias da Dasa e da Localiza, com pesos de 0,65% e 0,61%, respectivamente. Com isso, o número de papéis do índice sobe de 68 para 70.

 

Na visão de Renata, a entrada dessas duas companhias faz parte de uma tendência maior de diversificação do Ibovespa, com o aumento dos setores voltados ao mercado interno. "Essa é uma tendência que só deve se intensificar pelo menos nos próximos dois anos", diz Renata.

Dentro dessa linha de aumento de participação dos papéis ligados ao mercado interno, o setor de construção é o que mais deve ganhar peso no Ibovespa a partir de janeiro, subindo dos atuais 8,9% para 11,7%. Boa parte desses 2,8 pontos percentuais a mais virá das ações PDG (+0,79 ponto percentual), Gafisa (+0,53) e MRV (+0,41).

Daniele Camba é repórter de Investimentos

E-mail daniele.camba@valor.com.br

 

 

 

 

Banco suíço Julius Baer quer América Latina como segundo melhor mercado até 2015

O banco suíço Julius Baer, líder na área de private banking no país, planeja elevar a América Latina ao posto de segundo maior mercado até 2015, superado, apenas, pela Ásia.

Recentemente, o banco comprou 30% da Global Portfolio Strategists (GPS).

Segundo Gustavo Raitzin, CEO do Julius Baer para América Latina, a entrada no Brasil em associação com um parceiro local em vez de abrir um escritório no País, acelera a aproximação com o investidor brasileiro.

O banco administra US$ 30 bilhões em escritórios na Venezuela, Chile, Argentina, Peru e Uruguai.

Autor: Klinger Portella

 

 

Aumento do mínimo injeta R$ 64 bi na economia e dá fôlego ao PIB em 2012

Elevação do piso, considerado vilão em épocas de economia aquecida, deve garantir retomada do crescimento no primeiro trimestre

Marcelo Rehder, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O reajuste de 14,3% no valor do salário mínimo, que passa dos atuais R$ 545 para R$ 622,73 em janeiro, deverá injetar cerca de R$ 64 bilhões na economia brasileira em 2012. A destinação desses recursos para consumo ou pagamento de dívidas tende a acelerar os negócios e permitir que o Produto Interno Bruto (PIB) volte a crescer no primeiro trimestre do ano que vem, depois de ficar praticamente estagnado ao longo do segundo semestre de 2011.

"Nossa estimativa é de que o PIB brasileiro volte a crescer em um ritmo de 0,8% no primeiro trimestre de 2012, principalmente por causa do impulso dado pelo salário mínimo em um período que tradicionalmente é fraco", diz o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, autor do estudo sobre o impacto do aumento do mínimo no crescimento econômico do País.

Nesse cenário, o aumento do mínimo em 2012 passa de vilão a mocinho. No lugar de dar mais combustível à escalada da inflação, como criticavam economistas e empresários, essa montanha de dinheiro passou a ser bem vinda para reacelerar a economia brasileira. "Se isso viesse num momento de atividade econômica excitada, promoveria muita preocupação", diz Paulo Francini, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Porém, vem em um momento em que a economia dá sinais de redução e queda até maiores que o previsto."

Impacto. Nos cálculos da LCA, o ganho real de 7,5% do salário mínimo deverá agregar 0,3 ponto porcentual ao crescimento do consumo das famílias, componente que responde por 60% do PIB brasileiro sob a ótica da demanda. Assim, o reajuste do mínimo agregaria 0,2 ponto porcentual ao crescimento do PIB como um todo no ano que vem.

O economista explica que o impacto relativamente pequeno sobre o PIB acontece porque a massa de rendimentos da economia vinculados ao salário mínimo (somando rendas do trabalho, previdenciária e assistencial) é de "apenas" 22% da massa total brasileira.

O aumento real de 7,5% deverá beneficiar cerca de 66 milhões de pessoas, o que representa 46% da população que recebe algum rendimento no País. Além de aposentados e pensionistas que recebem um salário mínimo, o cálculo inclui ocupados com rendimento de até 1,5 salário mínimo e beneficiários da Lei Orgânica Social (LOAS) e do Renda Mensal Vitalícia, também atrelados ao salário mínimo.

Mas a participação da massa de rendimentos vinculados ao mínimo muda bastante dependendo da região. No Norte, ela é de 29% e, no Nordeste, de 37%. Já no Centro-oeste é de 19%, enquanto no Sudeste e no Sul fica em 17% e 18%, nessa ordem.

 

 

 

 

Impasse limita oferta pública de letra financeira

Por Vinícius Pinheiro | De São Paulo

 

Cetip vê dúvida jurídica na compra de papel de um banco por outro, diz Ratto

Um impasse na interpretação das normas sobre as letras financeiras - títulos de dívida emitidos por bancos, semelhantes às debêntures das empresas - tem limitado a captação de recursos por esse instrumento, sobretudo em ofertas públicas. A principal dúvida do recai sobre a possibilidade de uma instituição financeira adquirir uma letra emitida por outra em uma emissão primária.

A Cetip não tem permitido o registro desse tipo de operação. A principal dúvida da companhia e de parte do mercado é se a operação pode ser vista como concessão de funding entre bancos, o que é proibido pela legislação que trata do sistema financeiro nacional. Questionado pelo Valor, o Banco Central informou que, do ponto de vista jurídico, não há vedação para que bancos detenham letras financeiras de outros.

Do total de R$ 132 bilhões de letras financeiras, apenas R$ 550 milhões, ou 0,4%, foram captados em operações públicas. Executivos ouvidos pelo Valor dizem que uma das explicações para o baixo volume de ofertas públicas está no fato de que os bancos de investimento que coordenam as ofertas não poderem conceder a chamada garantia firme na emissão, em razão da restrição do registro pela Cetip.

A garantia firme é o mecanismo por meio do qual os bancos de investimento que coordenam uma oferta pública se comprometem a adquirir os papéis caso não encontrem investidores no mercado. Praticamente todas as emissões de títulos de renda fixa no mercado de capitais nacional são realizadas com o uso da garantia firme.

"Os bancos têm interesse de emitir letras, mas não querem se expor a um eventual fracasso na captação, ainda mais no atual momento de mercado", afirma o executivo de uma instituição financeira. A confusão sobre a regra é tanta que um banco de investimento só descobriu que não poderia dar garantia firme após ter conquistado o mandato para realizar uma operação.

Até o momento, apenas a RCI - financeira das montadoras Renault-Nissan - e o Banco Daycoval fizeram captações públicas de letra. Embora tenham obtido sucesso, as operações - realizadas na modalidade de melhores esforços, nas quais os coordenadores não garantem a venda integral dos papéis - ainda não são consideradas um parâmetro para que outras instituições venham a mercado.

Além dos bancos de médio porte, que buscam fontes alternativas de recursos em meio ao agravamento da crise financeira internacional, os bancos de montadoras são vistos como potenciais emissores de letras financeiras, já que o custo de captação das matrizes também aumentou. Desde o fim do ano passado a captação via letras financeiras conta com uma vantagem adicional: a isenção do recolhimento do depósito compulsório.

O diretor comercial da Cetip, Carlos Ratto, confirmou a restrição ao registro de letras financeiras adquiridas por bancos em emissões primárias. Embora a regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a letra não proíba a compra do papel de um banco por outro, a lei nº 4595 do sistema financeiro nacional, datada de 1964, limita a concessão de funding entre instituições apenas ao depósito interbancário (DI).

"Existem dúvidas se o exercício da garantia firme em uma oferta primária de letras financeiras não seria uma forma de concessão de funding entre bancos", argumenta. Enquanto não houver uma posição oficial do BC, a Cetip deve continuar vetando o registro.

A expectativa é de que os bancos façam uma consulta formal ao BC via Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Procurada, a entidade informou que ainda não tem posição sobre o assunto, mas estuda o tema para inseri-lo na pauta de discussões de seus comitês.

A limitação para a compra de letras acaba prejudicando o cumprimento de outra exigência na legislação: a existência de um formador de mercado. Como não podem adquirir os papéis na oferta, os bancos alegam dificuldades para cumprir essa função. Vale lembrar que a restrição ocorre apenas no mercado primário. Ou seja, se uma instituição adquirir um papel que tenha sido vendido, por exemplo, para um fundo, não haveria problema.

A emissão de letras esbarra ainda em outro problema legal: a proibição de cláusulas de resgate antecipado dos papéis. Embora a intenção tenha sido reforçar o caráter de longo prazo do instrumento, a regra dificulta a criação de compromissos (covenants) nas operações. "A possibilidade de vencimento antecipado é uma forma de proteção dos investidores caso a situação de crédito do emissor se deteriore", afirma a advogada Marina Anselmo, do escritório Mattos Filho.

Na oferta pública de letras do Daycoval, foram estabelecidas cláusulas de vencimento antecipado. O prospecto da operação ressalva, contudo, que a eficácia do mecanismo está sujeita à aplicação do Código Civil.

 

 

 

 

Certificação para gestores é vista como avanço nas regras

Por Angelo Pavini | De São Paulo

Demorou, mas a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) colocou em audiência pública a proposta de nova regulamentação da atividade de gestor de recursos. O texto representa uma evolução importante num setor que ficou muito tempo esperando e vai no sentido correto de melhorar as condições da atividade, avalia o advogado José Eduardo Carneiro Queiroz, sócio do escritório Mattos Filho Advogados e um dos maiores especialistas em fundos de investimento do país.

Queiroz lembra que a atual legislação é de 1999, quando o tamanho do segmento de fundos e gestão de recursos era muito menor que o atual, de R$ 1,830 trilhão, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), e muito menos sofisticado. "Demoramos 12 anos para atualizar uma regra tão importante", lembra ele, acrescentando, porém, que há pontos muito positivos nas propostas.

Um dos avanços, afirma Queiroz, é um detalhamento maior das exigências para o profissional obter a autorização para trabalhar com gestão de recursos. Antes concentrada na demonstração de experiência anterior, a autorização passa a ser baseada em certificações e testes pelos quais o interessado tem de passar. Isso pode ser uma opção mais segura para garantir a atualização dos profissionais em relação às mudanças do mercado. Ao mesmo tempo, a nova regra não deixa a experiência de lado, permitindo aos que exercem a profissão há mais de oito anos obterem a autorização, diz o advogado.

A nova regulamentação também começa a detalhar melhor a infraestrutura que o gestor de recursos precisa ter, como "compliance", sistemas e controles internos. "Eram coisas das quais não se falava muito e o texto passa a dar algumas diretrizes", afirma Queiroz.

Ele destaca a atenção dada pela CVM à questão do controle de risco dos gestores, "um assunto muito importante e mal-entendido no Brasil", diz. "Em 2002, quanto tivemos o caso das perdas dos fundos do Bank of America, uma discussão foi sobre o controle de risco do banco, que usava o Value at Risk (VaR)", lembra Queiroz. "O sistema era visto como infalível por alguns, mas nada mais era que um modelo estatístico, que não elimina o risco de pontos fora da curva", lembra.

O VaR reflete a perda máxima esperada em um portfólio em determinado período de tempo. Para isso, usa os piores cenários já registrados na história para avaliar as posições dos gestores. Mas não consegue antecipar movimentos muito acima dos registrados no passado. Por isso, muitos gestores acrescentam ao VaR os chamados testes de estresse.

Queiroz destaca também os pontos dedicados a detalhes atuais do setor de fundos, como a separação entre a atividade de administração das carteiras das de gestão e de custódia de ativos e passivos dos fundos. "Isso é importante para mostrar quem faz o que, até para definir as responsabilidades, é um passo adiante", diz.

Um dos pontos polêmicos na proposta é o da distribuição. Segundo Queiroz, quando um gestor está criando um fundo para um investidor específico, um fundo exclusivo, sem oferta pública, seria razoável ele mesmo distribuir a carteira. "Mas quando vai ofertar a carteira para o público na internet, ou por outros meios, e a CVM diz que não é preciso ser um agente autorizado de distribuição, aí fico em dúvida, pois a lei não permite isso", afirma Queiroz.

Outro ponto positivo da regulação é a possibilidade de mais de um profissional ser responsável por uma área da gestora. "Hoje é muito comum termos um gestor responsável por renda variável e outro por renda fixa, totalmente independentes, mas apenas um podia ser diretor de gestão", afirma Queiroz. "Isso fazia com que ele ficasse responsável por toda a gestão e, por tabela, por uma área que não era a dele."

Queiroz destaca ainda a autorização para que a mesma instituição possa tanto fazer a gestão quando prestar serviços de consultoria financeira, desde que seja uma pessoa jurídica. "Com mais investidores entrando no mercado financeiro, o consultor pode ajudar na questão da educação financeira, uma coisa que o Brasil ainda tem pouco", explica. Ele lembra que a atividade de consultor será alvo de outra consulta pública. "Mas sendo credenciado e com certificação, o consultor pode ajudar bastante", afirma.

Para Queiroz, a autorização para o gestor também distribuir fundos será benéfica para os pequenos, que não têm condições de ser instituição financeira e poderão acessar mais facilmente os clientes, sem intermediários.

 

 

 

 

Investimento da Vale em 2012 será inferior ao previsto para este ano

Segundo uma fonte do setor, cifra deve ficar próxima do investimento realizado pela companhia neste ano, que deve fechar em US$ 19 bilhões

Mônica Ciarelli e Fernanda Guimarães, de O Estado de S. Paulo

RIO e SÃO PAULO -

Sem conseguir cumprir o orçamento de US$ 24 bilhões previsto para este ano, a Vale se prepara para anunciar na próxima segunda-feira um investimento para 2012 mais em linha com o atual cenário de incertezas na economia mundial e de dificuldades na obtenção de licenças ambientais no País.

De acordo com uma fonte do setor, a expectativa é que a cifra para 2012 fique próxima do investimento realizado pela companhia este ano, que deve fechar, no máximo, em US$ 19 bilhões. Até setembro, a companhia havia desembolsado US$ 11,308 bilhões, menos da metade da meta inicial. 

O orçamento mais modesto será apresentado aos investidores nos Estados Unidos, durante o evento Vale Day, na Bolsa de Valores de Nova York. Em outubro, quando comentou o desempenho da companhia no terceiro trimestre, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, anunciou mudanças no modelo de divulgação do orçamento da companhia. Na época, o executivo também descartou a possibilidade de a Vale desembolsar integralmente os US$ 24 bilhões previstos para este ano. 

Pelo novo modelo, a empresa informará ao mercado apenas os projetos já aprovados, com os devidos licenciamentos ambientais obtidos. Essa medida, segundo a empresa, evitará o não cumprimento do orçamento divulgado, exatamente como aconteceu em 2011.

Para agilizar a obtenção de licenças ambientais, processo que vem atrasando os projetos do grupo, a Vale criou um comitê executivo para tratar do assunto. O grupo vai se reunir semanalmente e já elaborou um guia de procedimentos para obtenção dessas licenças.

Análise de risco. A mineradora pretende também fazer uma análise de risco em 20 projetos já anunciados considerados mais críticos para a companhia. O objetivo de passar uma lupa por esses projetos é diminuir as incertezas em torno de prazos ou custos que influenciem no cronograma e orçamento. 

A análise deve incluir até mesmo uma comparação com os custos de produção de outras concorrentes. Entre os projetos que serão analisados estão projetos como o de Serra Sul, em Carajás, no Pará, Apolo, em Minas Gerais, e também na Indonésia. 

O analista da corretora SLW, Pedro Galdi, destaca que os segmentos de minério de ferro, carvão e cobre deverão ser o foco da Vale, além do setor de fertilizantes, que ganhou destaque nos negócios da mineradora e passou a ter um enfoque estratégico para a empresa. "Pelo histórico da Vale, independente de crise, eles anunciam investimentos agressivos. Os números não devem ser tão diferentes", disse Galdi.

Já a expectativa de investimentos para o setor de siderurgia, por outro lado, deverá "continuar de lado", afirmou o analista. "Sem um sócio estratégico não tem nenhum sentido um investimento fo

 

 

É a marcha da insensatez!

ALBERTO TAMER - O Estado de S.Paulo

Mais uma reunião vazia esta semana entre Angela Merkel e Nicolas Sarkozy na qual decidiram não decidir nada para enfrentar a crise da dívida que está levando a Europa à recessão. Nada sobre compra de títulos da Itália e da Espanha, pelo BCE; nada sobre a criação do Eurobônus nos termos que foi apresentado na quinta-feira; nada sobre uma ação conjunta dos governos além do Fundo de Estabilização Financeira. Um fundo que míngua porque não ofereceu garantia e credibilidade aos investidores apesar da participação do FMI, vivendo uma fase de maré baixa - ninguém ligou para a linha de crédito anunciada na semana.

Na reunião do G-20, onde foi apresentado, os países disseram com muita clareza que não acreditam nos líderes da Eurozona. Não estão sendo responsáveis, não estão agindo com a seriedade que a situação impõe; continuam adiando o inadiável, pondo em risco o sistema financeiro internacional ainda não refeito da crise de 2008. E a inútil reunião desta semana só confirmou isso.

A urgência que não é urgente. Depois de muita conversa na reunião para a qual convidaram o novo primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, e o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, Sarkozy cedeu à pressão de Merkel e concordou com a decisão de deixar para depois o que é mais urgente e deveria ser feito agora, a dívida soberana. A prioridade, concluíram, é a reforma da Eurozona, com a imposição de uma união fiscal austera, no que a chanceler alemã chamou de Nova Europa, talvez com menos países.

E assim, acreditem, enquanto os investidores, diante de tanta indecisão fogem dos títulos da Eurozona, tudo ficou adiado para a reunião do próximo dia 9.

O adiamento que se adia. É a repetição de sempre. As decisões já tinham sido adiadas de setembro para outubro, de outubro para novembro, de novembro, agora, para dezembro e depois janeiro, num adiamento eterno que se adia. Pessimismo? Não, porque não há nenhum sinal de que a Alemanha vai mudar seu veto a qualquer socorro do BCE ou dos governos aos países que devem mais de 100% do PIB e muito menos à criação dos eurobonds agora. No fundo, Angela Merkel não quer correr o risco de dizer aos eleitores que eles e a Alemanha vão pagar a dívida Grécia, da Itália e da Espanha.

Não quer ser a "responsável"dos "irresponsáveis", mas agindo assim, ela se torna a mais irresponsável diante do mundo porque essa política está levando a Europa à recessão e pondo em risco o sistema financeiro internacional. Exagero? Não. Diante da imobilidade europeia, o Fed decidiu se prevenir. Na última terça-feira já falava sobre como vai ser conduzido um novo "teste de stress" dos bancos americanos em 2012 para avaliar se estão preparados para o que está vindo da Europa.

Preparados mas. O governo, como em 2008, antecipou-se a esse cenário e formou um colchão de liquidez de R$1,1 trilhão. Tem R$ 443,7 bilhões que retêm do compulsório, tem reversas cambiais, conversíveis em reais, da ordem de R$ 647,8 bilhões e mais R$100 bilhões em caixa do Tesouro. São recursos que podem entrar no sistema em caso de falta de financiamento externo, provocado por uma nova crise internacional. Está preparado, sim, para o pior na área financeira, mas ainda não econômica.

O governo enfrenta hoje, segunda fase da crise externa, a forte retração da economia mundial. É um cenário difícil e inquietante porque ela vem sendo agravada não só por fatores externos, mas de política partidária interna nos Estados Unidos e na Europa, sobre os quais ninguém pode influir. Isso vem acentuando a retração da economia mundial porque eles representam 50% do PIB global. Não é mais apenas a crise financeira, agora é econômica também.

Olha o perigo ainda aí! E já se reflete no Brasil, como o governo admite. Ainda não é grave porque esta semana ele sinalizou novas medidas para aumentar a demanda que vem reduzindo assim a exposição externa. O risco é que elas foram anunciadas, mas ainda não implementadas. E que ninguém se iluda com a dedução do desemprego divulgada nesta semana pelo IBGE. Foi em outubro, mês em que ainda não estávamos sentindo o impacto crise externa sobre o crescimento da economia nacional que foi de apenas 0,32% no terceiro trimestre. E nesse mesmo mês de outubro, o primeiro do último trimestre, a criação de emprego recuou 38% sobre o ano passado.

Diante disso, por favor, senhores, mais realismo e menos festa porque as medidas chegaram com um pouco de atraso. Só assim o Brasil pode evitar o erro fatal que eles estão cometendo lá fora.

 

 

 

 

Alemanha e França estudam possibilidades para maior integração fiscal

Fernando Ladeira de Azevedo

SÃO PAULO – A Alemanha e a França estão realizando estudos conjuntos para alcançarem uma integração fiscal mais forte na Zona do Euro, afirma a Reuters em reportagem publicada no último domingo (27), citando fontes de ambos os governos.

Segundo a publicação, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy entendem que não é possível realizar grandes mudanças no tratado, limitando o plano original da Alemanha em assinar um acordo entre os 27 membros da União Europeia até o final de 2012.

Desta forma, como a região não possui tanto tempo disponível para enfrentar a crise, diversas alternativas emergiram. Entre elas, há um acordo apenas entre os países membros da Zona do Euro. Outra opção seria um acordo separado da união, entre cerca de oito a dez países da Zona do Euro.

Por fim, a agência de notícias também reporta que há a alternativa de uma entendimento entre a França e a Alemanha, no qual outros países poderiam se juntar – o que provavelmente aconteceria, para que estes não se tornassem ainda mais expostos às pressões do mercado, diz a Reuters.

Detalhes em 9 de dezembro
Por outro lado, a agência de notícias cita um oficial do governo alemão, que diz não haver conversas secretas entre França e Alemanha, mas que ambos procuram mudanças limitadas no tratado, as quais devem ser apresentados na reunião dos líderes da União Europeia em 9 de dezembro.

Enquanto as opções estão sendo ativamente discutidas e tudo está movendo muito rápido, segundo uma fonte afirmou à Reuters, em primeiro de dezembro Sarkozy deverá discursar para revelar alguns detalhes entre as conversas com Merkel.

Detalhes de EFSF prontos para aprovação
Nesse meio tempo os ministros de finanças da Zona do Euro devem discutir os detalhes técnicos para alavancar os recursos disponíveis do EFSF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira) em quatro a cinco vezes, com a expectativa de que tais negociações ocorram no encontro marcado para esta terça-feira. Segundo documentos obtidos pela Reuters, os detalhes operacionais já estão prontos para serem aprovados, apesar de não citar mais informações.

 

 

 

 

Petrobras descobre óleo em área "madura" da bacia de campos

Descoberta foi comprovada através de amostragens de petróleo em rochas do pós-sal

Petrobras: empresa dará continuidade as atividades e investimentos previstos no plano de avaliação

São Paulo – A Petrobras comprovou a presença de óleo no poço Tucura, localizado na Bacia de Campos, na área conhecida como Complexo de Marlim. A descoberta foi feita durante o Projeto Varredura e “confirma o potencial remanescente de petróleo em áreas já consideradas em estágio maduro de exploração e produção”, segundo a empresa.

A confirmação de essa acumulação deve contribuir para a revitalização da produção nas concessões de Marlim e Voador, segundo a Petrobras. A descoberta foi comprovada através de amostragens de petróleo em rochas do pós-sal, em reservatório situado a 2.694 metros de profundidade.

Análises preliminares indicam que este óleo possui a mesma qualidade do encontrado nos campos adjacentes de Marlim e Voador, com cerca de 20 graus API (indicador que mede a qualidade do óleo). A Petrobras dará continuidade as atividades e investimentos previstos no plano de avaliação, incluindo a perfuração de um poço horizontal produtor.

O poço, conhecido oficialmente como 4-VD-18-RJS (4-BRSA-994-RJS), está situado entre os campos de produção de Voador e Marlim, a uma profundidade de 523 metros de lâmina d’água. O poço está localizado a 98 quilômetros da costa do estado do Rio de Janeiro, a 3 quilômetros do Campo de Marlim e a 2,3 quilômetros da plataforma P-20.

 

 

 

 

Para Moody's, novas linhas do FMI não resolvem crise

 

Cingapura - A agência de classificação de risco Moody's afirmou hoje que o lançamento de novas linhas de crédito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) é positivo para países da zona do euro que estão enfrentando problemas de financiamento no curto prazo, mas que isso não vai resolver sozinho a "crescente" crise.

No último dia 22 o FMI anunciou a criação de duas novas linhas de crédito: a Linha de Liquidez e Preventiva (PLL, na sigla em inglês) e o Instrumento de Financiamento Rápido (RFI). Segundo o relatório da Moody, as linhas podem ser usadas em diversas circunstâncias, incluindo como um seguro contra futuros choques e como uma janela de liquidez de curto prazo. Um país pode tomar emprestado até dez vezes o valor das suas contribuições para o FMI.

Para a Moody's, as novas linhas aumentarão o escopo e a flexibilidade dos empréstimos do FMI. Mas a agência também aponta algumas limitações. "As novas linhas do FMI não são, por si só, suficientes para fornecer uma solução duradoura para a crise da dívida na zona do euro, mesmo combinadas com a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês)".

A agência afirma ainda que os recursos disponíveis por meio das novas linhas não serão suficientes para cobrir as necessidades brutas de financiamento da maioria dos países da zona do euro em 2012. A capacidade de empréstimo do FMI seria esmagada se todos os membros do bloco buscassem acessar a linha ao mesmo tempo, diz a Moody's, mas ressalta que isso é altamente improvável. As informações são da Dow Jones.

 

 

 

 

"Na dúvida, pare", diz Gabrielli

 

José Sérgio Gabrielli (Foto: Agência Petrobras de Notícias)

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, tem sido muito reticente a comentar o acidente da Chevron na Bacia de Campos, até porque a companhia é sócia da empresa norte-americana no campo petrolífero.

A Petrobras detém 30% do campo de Frade, onde ocorreu o vazamento de óleo, mas a operação é de total responsabilidade da Chevron.

Em entrevista concedida ao iG, Gabrielli concordou em falar sobre acidentes com vazamentos de óleo sem se referir especificamente ao da Chevron, que ele diz que é impedido de se pronunciar por questões de cláusula de confidencialidade no contrato da Petrobras com a petrolífera americana, a segunda maior do mundo.

Gabrielli afirma, no entanto, que existem meios de as companhias de petróleo se prevenirem de acidentes.

“Os acidentes podem e têm como ser evitados”, afirmou.

“Na dúvida, o melhor, no entanto, é parar a operação. Nosso slogan principal na Petrobras é esse: Na dúvida, pare”, disse.

Segundo Gabrielli, a Petrobras dispõe, hoje, de um complexo aparato capaz de se mobilizar a qualquer momento para qualquer sinal de acidente em seus campos de petróleo.

Chama-se CDA, Centro de Defesa Ambiental, que compreente mais de 500 operadores e líderes da Petrobras em todas as bases avançadas das companhias, 37 embarcações dedicadas, 130 embarcações de apoio, 150 km de barreiras de contenção, 120 km de barreiras absorventes, 200 unidades de recolhimento de óleo e 200 mil litros de dispersantes, entre dezenas de outros itens para resposta a emergências.

Além de um sistema que pode também mobilizar, a qualquer momento, prefeituras, Defesa Civil, comunidades etc.

Todo esse aparato, segundo Gabrielli, está preparado para entrar em ação durante 24 horas por dia todos os sete dias da semana.

Segundo Gabrielli, são como bombeiros, que torcem para não ser acionados, mas que podem ser mobilizados a qualquer momento.

Por isso, Gabrielli o risco de um vazamento de petróleo é menos de fiscalização e mais de prevenção.

Segundo ele, antes do acidente, sempre é possível se detectar algum sinal.

“O acidente nunca tem uma única causa, mas sempre múltiplas causas”, afirmou Gabrielli.

Gabrielli reconhece, no entanto, que é mais difícil para uma companhia que detém apenas uma operação de petróleo, como no caso da Chevron, em relação à Petrobras, por exemplo, que possui diversas operações.

Por isso, ele minimiza os riscos de acidentes no pré-sal, uma das preocupações maiores que vieram à tona depois do acidente da Chevron.

A grande preocupação, a seu ver, é com a política de prevenção de acidentes.

“A lei brasileira de meio ambiente é uma das mais rígidas do mundo. O problema é de execução e da percepção de risco”, afirmou.

De qualquer forma, o presidente da Petrobras afirma que um acidente como o que ocorreu com a Chevron atinge toda a indústria.

“O acidente atinge a indústria petrolífera como um todo. Todos temos que colaborar com essa situação”.